Uma das marcas mais cool de tênis, a Veja (Vert) inaugura mais uma loja em uma cidade-centro que é mais uma intervenção em edificação histórica do que uma simples reforma.
Você conhece a história de como surgiu a famosa marca de tênis Veja (Vert para nós brasileiros)? Em 2004, os amigos franceses Sébastien Kopp e François-Ghislain viajaram ao Brasil com o intuito de realizarem pesquisas para reinventar o processo produtivo do tênis em todas suas etapas. Além do design de produto atrativo, eles queriam que as pessoas também se interessassem em conhecer o projeto - um processo de melhoria contínua no desenvolvimento de novos materiais e novas tecnologias. Os materiais que a marca mais utiliza são algodões agroecológicos do Nordeste brasileiro e do Peru, borracha da Amazônia e couro do Rio Grande do Sul e do Uruguai - um calçado com design francês e produção brasileira em fábricas de alto padrão.
A visão global de negócio também se estende as suas lojas independentes em cidades importantes como Paris, Bordeaux, Nova York, Berlin e a recém-inaugurada em Madrid. Localizada no bairro Justicia, um dos mais movimentados da capital espanhola, a nova loja foi projetada no térreo de um edifício residencial de meados do século 19. Com projeto assinado pelo estúdio local Plantea, as paredes estruturais foram literalmente despidas, revelando seus tijolos originais e antigas vigas e colunas de pinho, além de não haver acréscimo de materiais e elementos supérfluos. Já as paredes, que apenas dividem os ambientes, foram revestidas com gesso e argamassa perlite. Todo esse desgaste visual do espaço é contrabalanceado pelo piso de concreto e o forro de material liso com absorção acústica interligando todas as seções do local.
Em ambos os lados da loja, há grandes janelas que proporcionam uma visão ampla do interior do espaço, além de permitir uma entrada de luz natural bastante favorável. Sobre o mobiliário com função de expositor, há uma prateleira de aço na parede e volumes versáteis de concreto servindo como expositores, assentos ou balcões. Pelos ambientes, há grandes espelhos, instalados em intervalos, que oferecem ângulos interessantes da loja e ampliam opticamente o espaço. As áreas de estar são compostas por poltronas criadas pelo designer espanhol Joaquim Belsa em 1960 e bancos vintage.
Já que estamos falando sobre uma marca com uma visão diferenciada de produção e de produto, lógico que a loja não é focada apenas na venda de tênis masculinos, femininos e infantis, além de acessórios. O destaque é para uma oficina completa de conserto de calçados no interior da loja, ampliando assim a vida útil de seus produtos.
Esse tipo de posicionamento é o que devemos começar a nos preocupar antes de consumir um determinado produto. O que a marca faz além de produzir e vender? O que ela oferece para a vida-útil da peça que comprei ser maior? Se eu comprar o produto, como ele vai se comportar no meio-ambiente em caso de descarte? Se eu for até a loja, o que encontrarei como diferencial comparando à compra on-line no conforto do meu lar? Temos que aprender a não aceitarmos "qualquer coisa" de uma marca, afinal, além do dinheiro, estamos investindo o que temos de mais valioso —nosso tempo.
Obs.: Ao iniciar a distribuição no Brasil em 2013, não foi possível utilizar o nome Veja no mercado nacional por uma soma de fatores (penso que o material de limpeza e a revista teve a ver com isso). A solução foi registrar a marca como Vert em território nacional, que significa "verde" em francês. Todavia, a única coisa que diferencia Veja e Vert é o nome - ambas compartilham as mesmas cadeias produtivas, fábricas, escritórios e equipes.
Fonte: Dezeen
Fotografia: ©Sálvo Lopez
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